PESQUISAR ESTE BLOG

segunda-feira, 2 de abril de 2012

TEXTOS E HISTÓRIAS III

Pessoas são Diferentes

Pessoas são Diferentes
(Ruth Rocha)


São duas crianças lindas
Mas são muito diferentes!
Uma é toda desdentada,
A outra é cheia de dentes...
Uma anda descabelada,
A outra é cheia de pentes!
Uma delas usa óculos,
E a outra só usa lentes.
Uma gosta de gelados,
A outra gosta de quentes.
Uma tem cabelos longos,
A outra corta eles rentes.
Não queira que sejam iguais,
Aliás, nem mesmo tentes!
São duas crianças lindas,
Mas são muito diferentes!


História: "Zuzu, a abelhinha que não podia fazer mel"

Zuzu,
a abelhinha que não podia fazer mel
Zuzu era uma abelhinha igual a todas que você conhece.
Bem, igual, igual, não. Desde pequenina ela ficou sabendo que era um pouco diferente das outras: não poderia fabricar mel como suas companheiras.
No início, isso não tinha muita importância para ela. Mas, com o tempo, vendo como seus pais ficaram tristes, pois sonhavam com a filhinha estudando, se formando na Universidade do Mel, trabalhando, progredindo, como as outras abelhas da colméia, começou a ficar entristecida, magoada, porque percebeu que não atingiria as expectativas dos pais. Eles a levaram aos melhores especialistas do abelheiro, mas todos foram unânimes: Zuzu jamais seria igual às outras...
Zuzu vivia cabisbaixa, solitária, era motivo de gozação e brincadeiras de mau gosto por parte das outras abelhas de sua idade.
Certo dia, muito aborrecida, resolveu voar para bem longe. Sem perceber, aproximou-se de outra colméia, desconhecida. E logo percebeu que ali era diferente de onde ela morava: na entrada, algumas abelhas guardiãs também possuíam dificuldades: algumas não tinham uma asa, outras eram cegas...
À medida que foi penetrando nessa nova colônia, notava que em todos os setores as abelhas consideradas “deficientes”, trabalhavam e eram eficientes nas suas funções. Conheceu algumas que, como ela, não podia produzir mel. Todas estavam ativas e contentes: controlavam o estoque de mel, a qualidade do produto, e até chefiavam a produção. Isso a deixou muito feliz: ela também poderia ser útil!
Conversando, suas novas amigas lhe contaram que ali todas eram respeitadas e trabalhavam de acordo com as suas capacidades.
Exultante, Zuzu voltou para sua casa cheia de novidades. No início, todos acharam que aquilo era uma bobagem, um sonho, fruto da imaginação. Com perseverança foi, aos poucos, introduzindo novas idéias na sua colméia. Conseguiu levar uma comissão de ministros a outra colméia para que eles vissem que o seu ideal era possível. Assim, lentamente, na sua comunidade, foi sendo eliminado o preconceito às abelhas portadoras de cuidados especiais. Zuzu, como se sabe, chegou ao importante cargo de chefe da produção de mel de todo o reino, pela sua inteligência, pela suas habilidades, levando consigo muitas de suas irmãs.
Seus pais, agora venturosos, entenderam que a felicidade de Zuzu não está em fazer como os outros, mas em fazer como lhe é possível e da melhor maneira, evitando comparações.

Luis Roberto Scholl

História: Um Amor de Confusão

Um Amor de Confusão
(Dulce Rangel)

Dona Galinha um ovo botou. Mas, quando foi passear, outros dois ovos no caminho ela encontrou.
Um ovo mais dois ovos com três ovos ela ficou. Dona Galinha os três ovos em seu ninho colocou. Mas, quando foi passear, outros dois ovos no caminho ela encontrou.
Três ovos mais dois ovos com cinco ovos ficou. Dona Galinha os cinco ovos em seu ninho colocou. Mas, quando foi passear, mais três ovinhos no caminho ela encontrou.
Cinco ovos mais três ovos com oito ovos ela ficou. Dona Galinha os oito ovos em seu ninho arrumou. Mas, quando foi passear, mais um ovo ela achou.
Oito ovos mais um ovo com nove ovos ela ficou. Dona Galinha os nove ovos em seu ninho ajeitou. Mas quando foi passear um ovo enorme ela encontrou.
Nove ovos mais um ovo com dez ovos ela acabou.
E, com paciência e carinho os dez ovos ela chocou.
Mas, que surpresa não foi o dia em que os ovos se abriram. Vocês nem podem imaginar os bichos que da casca saíram.
Nasceu ganso, pato, marreco e tartaruga. Apareceu codorna, pintinho e até um jacaré.
Agora eu só quero ver a confusão que vai ser na hora que essa turma sair pra comer. Có!???



História: A TOUPEIRA que queria ver o cometa

A TOUPEIRA
que queria ver o cometa

Era uma vez uma toupeira.
As toupeiras são míopes: só enxergam coisas que estão bem pertinho, encostadas na ponta do focinho.
É que elas moram em túneis. Este é o seu mundo: debaixo da terra. Lá dentro é tudo escuro, não há nada pra ser visto. Talvez elas tenham resolvido viver assim, por medo. A pena é que, lá no fundo se não vão os bichos perigosos, também não vão nem os pássaros e nem as borboletas, e não se vê nem o luar e nem o arco-íris. A toupeira da nossa história tinha um apelido: Ceguinha. Os outros bichos riam dela porque ela nunca via nada.
No jogo de cabra-cega nem precisavam pôr a venda nos olhos dela, já que ela não via nada nem quando estava com os olhos abertos.
E ela ficava sempre por fora das conversas, porque ela não sabia sobre o que falar.
Só falava sobre o seu túnel.
Enquanto a bicharada falava de frutas que cresciam no alto das árvores, ou de nuvens que ameaçava chuva, ou da beleza do arco-íris, ou da brancura do luar, ela nunca sabia do que se tratava, pois não podia ver o alto das árvores nem as nuvens que ameaçam chuva, nem a beleza do arco-íris e muito menos a brancura da lua.
Ela piscava os seus olhinhos míopes.
Certo dia ela percebeu algo incomum, um alvoroço entre os animais. Falavam sobre uma coisa nova, sobre o que nunca haviam conversado antes.
A dona Coruja, professora, especializada em coisas que acontecem à noite falava aos outros animais sobre um cometa.
A Coruja explicava que leu em um jornal que um cometa era uma coisa brilhante que aparece no céu, parecia estrela, mas não era, porque as estrelas estão sempre lá, no mesmo lugar, mas um cometa fazia uma visita e desaparecia, por muitos e muitos anos.
A Coruja explicava que o tal cometa só aparecia a cada 76 anos e que o cometa vem das lonjuras do céu. E os bichos ficavam parados, de boca aberta com D. Coruja que sabia tanto.
O rabo do cometa era tão grande, mas tão grande que ia do horizonte até o umbigo do céu, bem encima da floresta. Os bichos olharam pra cima, pra ver onde ficava o umbigo do céu. Ceguinha olhou também. Mas... Não viu nada. E se o cometa estava tão longe assim, que diferença ia fazer em sua vida e em seu túnel? Ceguinha já se preparava pra voltar pra casa quando ouviu D. Coruja dizer que o cometa tem poderes mágicos. Ele tem o poder de realizar os desejos de quem o vir. Se alguém, ao olhar pra ele, de todo o coração desejar alguma coisa, esta coisa acontece mesmo...
Ceguinha se virou tristemente e duas lágrimas caíram de seus olhos.

História: A Bruxa e a Passarinha

A Bruxa e a Passarinha

Era um dia ensolarado quando a passarinha disse ao marido:
- Querido, hoje, enquanto você trabalha, voarei por aí para procurar uma árvore que seja aconchegante e bonita. E, se eu encontrar alguma, com certeza lá faremos o nosso novo ninho.
E o passarinho respondeu:
- Tudo bem, querida! Mas não se esqueça que você não pode fazer muita força. Quero que meus filhotes nasçam com muito fôlego para piarem! Agora, já estou atrasado, tenho que ir.
Ele deu uma bicadinha no bico da passarinha e levantou vôo. Ela, que estava ansiosa para começar a procurar uma árvore bonita, não demorou muito. E após terminar de se enfeitar, também se pôs a bater assas.
- Como tudo isso é belo. Vejo que será difícil escolher um lugar.
Logo mais, a passarinha percebeu que todas as árvores nas quais ela queria fazer seu ninho, já estavam habitadas. Mas ela não desistia, sempre levantava vôo novamente para procurar um espaçozinho adequado.
- Quem procura, sempre acha.
A passarinha também. Ao avistar a árvore mais bonita que já tinha visto, pensou:
- Muito bonita, mas já deve estar com seus galhos cheios de ninhos. De qualquer modo, vou até lá. Quero que meus olhos vejam bem de perto o esplendor que um dia eu sonhei para fazer meu ninho.
Enquanto ia chegando mais perto, seu coração disparava cada vez mais. Quanto mais se aproximava, mais lhe parecia que não havia nenhum morador naquela árvore. Ao pisar no galho, quase chorou. Não tinha somente um pequeno lugarzinho onde coubesse seu ninho, mas sim, qualquer galho ou folha que ela quisesse ter.
Tudo era muito bom. Olhou para os lados e viu uma casa muito antiga: imaginou que ali vivia uma senhora bondosa. Olhou para o chão e viu pequenos galhos: pensou em como seria fácil construir seu ninho.
Começou a construí-lo devagar. Mas tudo era muito fácil e em pouco tempo o ninho já estava pronto, do jeito que ela queria. Ficou tão emocionada que pensou em botar um pombo correio para procurar seu marido, mas, naquele momento, só conseguiu botar ovos. Três ovos.
A passarinha sentou-se em cima deles e o tempo passou. Não percebeu anoitecer, não percebeu adormecer, porém, percebeu-se acordar:
- Meu marido deve estar muito preocupado comigo. Como conseguirei avisá-lo de tamanha felicidade se por aqui não vejo nenhum pombo correio passar? Terei eu mesma de ir encontrá-lo. Vocês, meus filhotes, ficarão sozinhos por um tempo. Mas nada de ruim acontecerá. Logo, logo, eu voltarei!
Ela estava preocupada com os filhotes. E nas duas formas da palavra: ela foi voando encontrar seu marido.
A cortina da janela da casa que aberta a espiava, se fechou. Uma velhinha de feições nada amigáveis apareceu no quintal. Aproximou-se da árvore. Com as mãos abrindo as folhas que lhe tapavam a visão, procurou até achar o ninho. Percebendo que o alcançava sem grandes esforços, pegou os três ovinhos com o mesmo cuidado que pegava pedras e os levou para dentro de sua casa.
Ao chegarem na árvore, pouco tempo depois, passarinho e passarinha se surpreenderam. Ele quis saber:
- Querida, onde estão nossos filhotes.
A passarinha, sem ar, disse:
- Eu não sei, os deixei aqui. Acho que a senhora que vimos no quintal, bem perto da árvore enquanto voávamos, sabe onde eles estão.
Voou para dentro da cozinha pela porta que a velha tinha deixado aberta. Lá estava a velha com os três ovinhos em cima da pia.
- Senhora, me desculpe, mas esses ovos são meus filhotes. Eu vim buscá-los!
- Como seus filhotes? – retrucou a velha malvada.
- Eles estavam no meu ninho, na árvore ali de fora, são meus filhos!
- Claro que não. Tudo o que aquela árvore dá ou que o que dá nela é meu, pois a árvore é minha.
- Vejo que você não é a velhinha bondosa que estava nos meus sonhos. Vejo que você é uma bruxa e por isso, tenho uma proposta a fazer.
Antes mesmo de que a bruxa falasse alguma coisa, a passarinha continuou:
-Pertenço a uma espécie rara de pássaros. Para que nossa espécie não desapareça, fomos abençoados: o pássaro que botou os ovos poderá realizar um desejo para cada filhote que nasça. No caso, você, somente você, teria direito a três desejos quaisquer.
Desconfiada, a velha perguntou:
- Posso pedir qualquer coisa? Qualquer uma?
- Pode! – respondeu a passarinha – Geralmente, pelo que me disseram os meus antepassados, as pessoas pedem dinheiro, poder e vida eterna, nessa mesma ordem. A minha espécie não bota mais do que três ovos no ninho. Você quer devolver meus filhos para o ninho para que eu lhe conceda os três desejos?
A bruxa pensou bastante, mas concordou.
- Então, já que estamos de acordo, ponha meus três filhotes onde estavam.
E assim a velha fez.
A passarinha voltou a chocá-los. E o marido sempre ficava ao lado dela. O tempo certo se passou e o primeiro ovinho foi quebrado pelo bico do despenado. A passarinha chamou a bruxa:
-Bruxa, venha ver. O seu primeiro desejo acaba de nascer.
Ela veio correndo e perguntou:
- Já posso fazer meu desejo?
- Sim, já pode! – respondeu a passarinha.
- Quero dinheiro, muito dinheiro! Quero riqueza. Não agüento mais essa casa velha.
- Seu desejo será realizado!
A velha piscou os olhos, mas não viu nenhum dinheiro na sua frente. Piscou de novo, mas desta vez mais devagar e nada do dinheiro.
- Onde está o meu dinheiro, seu ser insignificante? – gritou enraivecida!
- Calma, bruxa! Os desejos se realizarão quando todos os três nascerem. Ainda faltam dois.
Furiosa, a velho entrou em casa. Estava com muita raiva naquela hora.
- Veja, querido! Mais um ovo está se quebrando. – e novamente gritou para a velha - - Bruxa! Venha fazer seu outro pedido!
Lá estava a mulher de novo!
-O que quererá? – lhe indagou.
-Poder! Todo o poder do mundo.
-O seu desejo será realizado!
Novamente, nada mudou na velha. Nem se sentia um pouquinho mais poderosa. Mas sim, muito nervosa. Quase desesperada.
-Eu já expliquei, não fique assim, os desejos só serão realizados quando meu último filhote nascer.!
A velha entrou pela cozinha preocupada, passando a mão na cabeça.
Naquele dia, esquisitamente, não nasceu mais nenhum pássaro. E nem no outro dia. E nem no outro. Muito menos no outro. Bastante tempo se passou e os que já haviam nascido já tinham peninhas, já estavam no momento certo para aprenderem voar. O papai-pássaro trabalhava e não tinha tempo para ensinar aos filhos como bater as asinhas. Por isso, o serviço deveria ser feito pela mamãe deles. No dia no aprendizado, ela gritou pela velha.
- Bruxa! Bruxa! Vem cá. Acho que hoje nasce meu terceiro filhote.
A velha foi correndo. Mas teve de escutar algumas explicações:
- Olha, bruxa, sairei com meus dois filhotes já nascidos para ensiná-los a voar! Acho que o atrasadinho aí nasce hoje. Como não tenho outra escolha, além de confiar em você, quero que tome conta dele enquanto eu estiver fora.
A velha sorriu maliciosamente e disse:
- Eu cuidarei bem dele. Tão bem que será capaz de nascer sob meus cuidados.
Ouvindo isso, a passarinha começou a instruir seus filhotes:
- Primeiro, ponham as asinhas para cima, depois para baixo. Para cima, para baixo. Agora pulem meus filhotes!
Agora eles já estavam voando, e a mãe os seguiu, dando as instruções finais. Voaram para longe, bem longe. A velha até pensou que eles não voltariam!
- Será que essa passarinha vai voltar? Bem, acho que sim! Ela não iria abandonar o filhote. Mas... será que ela sabe o que eu fiz? Será que ela viu o pequeno furo no ovo? Não... acho que não... ela é muito burra. Bem, tenho de agir rápido.
A velha entrou na casa com as mãos vazias e saiu alguma coisa em uma delas. Um rato. Era um rato.
- Do jeito que essa passarinha é burra nem vai perceber que isso é um rato. Sorte minha ter achado uma ninhada desses na sala de casa.
E pensando isso, pôs o ratinho recém-nascido no ninho e esperou que a passarinha chegasse para fazer o seu terceiro pedido. E, claro, para que todos juntos se tornassem realidade.
Viu de longe um pássaro. Seria ela? Pensou. Sim, era ela. Ao pisar no galho, a passarinha se surpreendeu! A velha falou:
- Pronto, seus três bichos nasceram, agora, realize meus desejos. Meu terceiro desejo é vida eterna.
A passarinha contestou:
- Como? Você não tem direito a um terceiro desejo. Quem você acha que engana? Desde quando ratos saem de ovos?
A velha tentou falar algo, mas não deixaram.
- Nesse jogo, ganha o mais inteligente. A sua fome devorou o meu filhote, mas a minha sabedoria salvou os outros dois. A sua fome não foi saciada com meu filhote, você queria mais: riqueza, poder e vida eterna. Você foi cínica, eu também. Você foi falsa, eu também! Mas o pior de tudo é que você foi burra. Sabe por quê? Você acreditou numa história que um passarinho te contou!
A passarinha não saiu ilesa, também perdeu. Mas perdeu muito menos do que perderia se ficasse de asas cruzadas.

Eduardo Franciskolwisk

História: O Príncipe Adormecido

O Príncipe AdormecidoUm Conto de Fadas da Grécia
Um rei tinha uma filha que era toda sua alegria e, quando precisou partir para guerra, ficou muito preocupado com a princesa. Percebendo sua aflição, ela lhe disse:
“Vá em paz, meu pai, e volte em paz. Estarei aqui, esperando por você”. Depois que o rei partiu, a princesa passava os dias junto à janela, bordando um lenço para ele. Uma tarde uma águia dourada se aproximou da janela e falou:
“Borde, Alteza! Há de se casar com um morto”.
“O que quer dizer com isso?”, ela perguntou espantada.
“Monte em meu dorso e saberá”, a águia respondeu, carregando-a para um lugar muito distante, onde a deixou perto de um poço.
A princesa desceu no poço e lá no fundo encontrou um príncipe que jazia na cama, tendo ao seu lado uma placa:
“Se tiver piedade de mim vele-me por três meses, três semanas e três dias. Quando eu espirrar, diga: ‘Deus o abençoe e lhe dê longa vida!’. Então acordarei e me casarei com você”.
A princesa sentou à cabeceira do jovem e velou-o por três meses e três semanas. Todos os dias, ao despertar, encontrava uma bandeja de comida e água, mais nunca via ninguém. Certa manhã escutou uma moça perguntando:
“Quem precisa de empregada?”.
“Ei, olhe para baixo!”.
Como a jovem parecia bondosa, contratou seus serviços e lhe contou tudo sobre o príncipe. As duas passaram o dia conversando, e à noite a moça falou:
“Agora vá dormir. Ficarei velando e, se ele espirrar, eu a acordarei”.
Assim que a princesa dormiu, o rapaz espirrou e a criada falou:
“Deus o abençoe e lhe dê longa vida!”. O jovem acordou e a abraçou cheio de felicidade.
“Você me libertou de um encantamento e será minha esposa.”
Pouco depois viu a princesa dormindo no chão e perguntou:
“Quem é?”.
“É minha empregada. Deixe a coitadinha dormir em paz e, de manhã, mande-a cuidar dos gansos.”Quando a princesa despertou, a criada lhe disse:
“O príncipe acordou e falou que quer se casar comigo e que de hoje em diante você tem que cuidar dos gansos.”
Naquela tarde o rapaz reuniu as duas e perguntou a cada uma delas que presente gostaria de ganhar.
“Uma coroa de diamantes”, a empregada declarou.
“A pedra do moinho da paciência, a corda do carrasco e o facão do açougueiro”, respondeu a princesa.
O príncipe lhes deu o que queriam e logo mais, à noite, passou por perto do quarto da guardadora de gansos e ouviu a pobre contando sua história aos objetos que ganhara.
“O que devo fazer?”, perguntou a princesa.
“Tenha paciência”, respondeu a pedra do moinho.
“Corte a garganta”, sugeriu o facão.
“Enforque-se!”, aconselhou a corda.
Nesse momento o príncipe entrou correndo no quarto.
“Não faça nada disso!”, gritou.
“Você é minha verdadeira noiva, e a outra moça não passa de uma mentirosa. É ela que deve morrer na forca!”
“Não! Ela quis me prejudicar, mas deixe-a ir embora. Apenas me leve para casa de meu pai e se case comigo.”


A Bailarina

Musicando poemas...
Não são raras as vezes que precisamos de uma
música infantil que aborde determinado tema e,
não encontramos!
Daí a ideia de muitos
Cantadores Encantadores Cantadores de Histórias de,
musicalizar poemas... 
 
A BAILARINA
Cecília Meireles

Esta menina tão pequenina quer ser bailarina.

Não conhece nem dó nem ré
mas sabe ficar na ponta do pé.
Não conhece nem mi nem fá
mas inclina o corpo para cá e para lá.
Não conhece nem lá nem si,
mas fecha os olhos e sorri.

Roda, roda, roda com os bracinhos no ar
e não fica tonta nem sai do lugar.
Põe no cabelo uma estrela e um véu e diz que caiu do céu.
Esta menina tão pequenina quer ser bailarina.
Mas depois esquece todas as danças,
e também quer dormir como as outras crianças.
FIM...
 

Livro: VÓ NANA


***Vó Nana***
Vo Nana e Neta moravam juntas há muito, muito tempo.
Elas compartilhavam tudo, inclusive as tarefas.
Todos os dias Neta cortava a lenha enquanto Vó Nana limpava as cinzas do fogão.
Neta varria e Vó Naná espanava.
Vó Nana arrumava as camas enquanto neta estendia a roupa.
Neta fazia o mingau, o chá e as torradas para o café da manhã.
Vó Nana picava as cenouras e nabos para o almoço.
E juntas, Vó Nana e Neta preparavam seu jantar de milho e aveia.
Neta sempre dizia o quanto detestava milho e aveia mas, Vó Nana dizia que, enquanto ela fosse viva Neta haveria de comer milho e aveia tos os dias pois era muito bom pra saúde.
Por isso, Neta parou de reclamar. Ela comeria milho e aveia no café, almoço e jantar se com isso, Vó Nana fosse viver para sempre.
Um dia, Vó Nana não se levantou como de costume para tomar o café da manhã.
- Estou me sentindo cansada – ela disse – Acho que vou tomar o café na cama hoje.
- Mas você nunca come na cama! – exclamou Neta – Você não gosta de migalhas de pão nos seus lençóis.
- Estou cansada. – Vó Nana repetiu.
E quando Neta trouxe a bandeja com o mingau, a torrada e o chá, Vó Nana estava dormindo e continuou assim durante o almoço e o jantar também.
Enquanto Vó Naná dormia, Neta cortou lenha, limpou as cinzas do fogão, varreu, espanou, estendeu a roupa e arrumou sua cama. Ela tentou assobiar enquanto trabalhava, mas tudo o que conseguiu fazer foi soltar um fraco “óinc”.
Na manhã seguinte, Vó Nana ainda estava cansada, mas, com muito esforço se levantou. Comeu uma colher de mingau, um pedaço de torrada e tomou um gole de chá.
- Isso não é suficiente nem para alimentar uma andorinha. Quanto mais uma porca adulta como você – ralhou Neta fazendo uma cara de zangada.
Mas Vó Nana só fechou os olhos por um instante, depois levantou-se pegou o chapéu e a bolsa.
- Tenho muito oque fazer hoje – ela disse – Tenho de estar preparada.
- Preparada para quê? – perguntou Neta.
Vó Nana não respondeu, nem precisava. Neta já sabia a resposta e isso fez com que ela sentisse uma enorme vontade de chorar.
Vó Nana devolveu os livros à biblioteca e não pegou mais nenhum emprestado. Ela foi ao banco, retirou todo o seu dinheiro e fechou sua conta.
Depois foi ao armazém e pagou o que devia. Pagou também as contas da luz, do
Verdureiro e da lenha.
Quando chegou em casa enfiou o resto do dinheiro na bolsa de Neta.
- Guarde-o bem e gaste com cuidado.
- Sim Vó. – falou Neta tentando sorrir mas, com os lábios tremendo.
- Pronto, pronto. Nada de lágrimas. – disse Vó Nana abraçando-a.
- Eu prometo. – disse Neta mas, era a promessa mais difícil que ela já fizera na vida.
- Agora, - falou Vó Nana – quero me fartar.
- Seu apetite voltou? – perguntou Neta toda esperançosa.
- Não sinto fome de comida. Quero passear lentamente pela cidade e me fartar de olhar as árvores, as flores, o céu, tudo!
E assim, Vó Nana e Neta saíram passeando tranquilamente pela cidade.
De vez em quando, Vó Nana tinha de parar para descansar. Mas não parava de olhar. Apreciar, escutar, cheirar e saborear.
- Veja! Olhe como a luz brilha sobre as folhas!
- Veja! Olhe como as nuvens lá no céu parecem se juntar para fofocar!
- Olhe! Está vendo como o jardim se reflete na lagoa?
- Está ouvindo os periquitos discutindo?
- Está sentindo o perfume da terra molhada?
- Vamos experimentar a chuva?
Já era tarde quando Vó Nana e Neta voltaram pra casa.
Vó Nana estava tão cansada que Neta levou-a direto pra cama.
Neta preparou um pote de milho e aveia e comeu tudinho. Depois lavou e guardou a louça.
Então ela entrou no quarto de Vó Nana que ainda não estava dormindo.
Neta sentou-se ao seu lado na cama e perguntou: - Você se lembra quando eu era pequena e tinha um pesadelo e você deitava na minha cama e me abraçava bem forte?
- Lembro. – respondeu Vó Nana.
- Pois hoje eu gostaria de deitar na sua cama e abraça-la bem forte. Posso?
- Claro que pode. – respondeu Vó Nana.
Então Neta apagou as luzes e abriu a janela para que entrasse o ar fresco e abriu as cortinas para que entrasse o luar.
Depois, deitou-se na cama de Vó Nana, apertou-a em seus braços e, pela última vez, Vó Nana e Neta ficaram bem abraçadinhas até o dia clarear.
 
FONTE:  http://contandoradehistorias.blogspot.com.br

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Deixe aqui suas dúvidas, sugestões e contribuições. Sejam Bem Vindos